Não me entendam mal, eu adorei o game de 3DS. Mas para o primeiro título do herói no Wii U, eu esperava algo grandioso que não se limitasse a perspectivas fixas e fases curtas.
Durante a primeira meia hora que passei com Super Mario 3D World, todos os medos e as preocupações sumiram. Após algumas horas, ficou claro e evidente: Mario estava de volta e da melhor forma possível.
Minha satisfação começou já nas telas de seleção de fases – chamadas de overworlds ou mundos. Saímos finalmente do esquema fixo que prendia Mario em um caminho linear e voltamos a ter liberdade para andar pelo mundo, observando as fases e desafios que viriam pela frente.
Esse foi um aspecto muito criticado pelos fãs nos últimos jogos e é bom ver a Nintendo ressuscitar o conceito, mesmo que de forma tímida.
Eu ainda senti falta de mais saídas secretas, locais ocultos e atividades no mapa dos mundos – os inimigos, por exemplo, não mudam de local e o cenário, apesar de belo, é mais contemplativo do que funcional.
A boa notícia é que esse vazio é preenchido por uma excelente implementação da rede social do Wii U, o Miiverse. Eu me diverti muito vendo os Miis de outros jogadores andando pelos mundos, compartilhando suas frustrações, seus momentos de êxtase e comentários hilários – sem contar, claro, seus desenhos.
A inclusão de carimbos como itens opcionais foi outra grata surpresa que só me conquistou após ter o jogo
em mãos. Pode parecer algo simples, mas eles não só abrem possibilidades de criar ótimas montagens o Miiverse como ainda servem de objetivos paralelos nas fases.
Recheio do Bolo
Esqueça tudo que você viu sobre Super Mario 3D World na internet. Esse jogo tem mais conteúdo do que qualquer vídeo ou texto poderia revelar. E não fale apenas sobre quantidade de fases, mas principalmente sobre variedade.
A cada nova etapa da aventura eu era agraciado por ideias geniais em design de estágios. O que a série Galaxy fez usando o tema espacial, 3D World faz usando o universo de Mario. A Nintendo não poupou esforços e foi além do que estamos acostumados a ver.
Velhos inimigos retornando, cenários familiares revisitados, conceitos totalmente novos e aparentemente incompatíveis com Mario, a lista de elementos que compõem o recheio do jogo é interminável.
Eu um momento eu estava correndo contra o relógio em uma fase; em outro, calculava saltos precisos em construções tridimensionais incríveis para, logo em seguida, parar e observar um cenário tão lindo que minha única reação foi sorrir como uma criança.
O melhor de tudo é que essa sensação de surpresa, prazer e empolgação é constante ao longo do jogo e ocorre em ordem crescente, com fases especiais e desafios paralelos que só enriquecem a experiência.
Fechando o pacote como uma embalagem perfeita, está a trilha sonora. Orquestrado, remixado, sintetizado, com temas clássicos e inéditos, Mario 3D World segue o mesmo ritmo de surpresa com as músicas.
Eu sou fã assumido da era 8 e 16-bit, mas com esse novo Mario a Nintendo finalmente criou um fundo musical que mistura o antigo e o moderno, sem nunca se distanciar da ambientação do Reino do Cogumelo.
LOLCats
Talvez a recente paixão de Miyamoto por gatos explique os bichinhos em Nintendogs e agora no novo Mario. Independente de qual for o motivo, a inclusão da roupa de gato em Mario 3D World cria uma dinâmica muito efetiva tanto na navegação como nos combates.
Eu tinha receio de que o design de fases ficasse preso à obrigação de usar a roupa, mas a Nintendo tomou muito cuidado para que isso não ocorresse.
É verdade que alguns itens só podem ser obtidos com as habilidades felinas, só que isso não impede você de avançar à próxima etapa. E com a possibilidade de guardar um item no inventário, eu só precisava voltar a uma fase que tivesse a roupa de gato e pronto.
Eu nunca senti tanto prazer jogar uma fase várias vezes como em Mario 3D World. Algumas eu até terminei rapidamente e fique triste, pois elas são tão mágicas e bem criadas que merecem uma segunda visita (e eu voltei claro).
Creio que qualquer pessoa irá se divertir vendo Mario, Luigi, Toad e Peach em trajes de gatos, e ficará feliz em saber que todos mantêm suas características marcantes mesmo usando o item – Toad é mais rápido, Peach flutua e Luigi salta mais alto.
E apesar de ter incluído personagens com habilidades distintas, a Nintendo foi inteligente em jamais tentar me obrigar a usar algum deles. Existem raros itens que exigem um personagem específico e para mim essas situações pareceram mais como convites para experimentar as variadas mecânicas de Mario e sua equipe.
Conclusão
Queríamos um novo Galaxy. Queríamos um novo Mario 64, com seu castelo em mundo aberto. Queríamos um Mario com modo online. Nós, fãs, sempre queremos (e merecemos) muito.
O que ganhamos foi Super Mario 3D World, um jogo que vai sendo construído ao longo da aventura, adicionando surpresa e excitação a cada fase até chegar ao ápice primoroso que só as fornalhas da Nintendo são capazes de produzir.
Super Mario 3D World mistura o antigo com o novo sem seguir nenhuma regra, sem medo de quebrar o ritmo normal das coisas e experimentar ideias que por si só o tornam genial.
Seja a inclusão de uma nova habilidade, o primeiro multiplayer em 3D, os carimbos, o uso do Miiverse, a trilha sonora, os gráficos de cair o queixo, o desempenho quase impecável da câmera ou a variedade imensa nas fases, em todos os aspectos Super Mario 3D World ultrapassa qualquer expectativa.
Não me atrevo a comentar o que ocorre na segunda etapa do game, pois é algo que só jogando – e vendo – merece ser vivido. Apenas digo isso: se assim como eu você também achava que Super Mario 3D World era raso e superficial, assim como eu você também levará um tapa na cara da Nintendo. E tapa de amor como esse nunca dói.
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